A implementação do Building Information Modeling (BIM) nos municípios brasileiros, embora repleta de desafios, é uma meta alcançável, segundo especialistas e gestores públicos. A metodologia, que centraliza e compartilha informações de projetos de engenharia e arquitetura, tem o potencial de revolucionar a gestão de obras públicas, aumentando a transparência, otimizando custos e melhorando a manutenção de edificações e infraestruturas. No entanto, sua adoção enfrenta barreiras significativas, especialmente em pequenos municípios, que carecem de recursos e capacitação técnica.
Infraestrutura e capacitação como entraves iniciais
Os municípios menores são os que mais sofrem com limitações estruturais e operacionais. A falta de equipamentos adequados, como hardware robusto, somada à baixa conectividade de internet e à instabilidade no fornecimento de energia elétrica, dificulta a utilização do BIM. “Em muitos casos, as quedas de energia e a alta latência da internet inviabilizam a colaboração simultânea, que é uma das principais vantagens do BIM”, destacam a especialista Célia Leitão.
Além disso, há uma lacuna de conhecimento técnico entre os profissionais que atuam no setor público. Estudos recentes apontam que muitos engenheiros e arquitetos desconhecem o BIM ou têm apenas um entendimento superficial de suas funcionalidades. Esse cenário reforça a necessidade de programas de capacitação em larga escala.
Planejamento e gradualismo como chaves para o sucesso
Para vencer essas dificuldades, especialistas defendem que a implementação do BIM deve ser progressiva e bem planejada. “É preciso começar pequeno, com passos consistentes. Identificar as necessidades reais de cada projeto e estruturar as compras de software e hardware de forma estratégica é essencial para evitar desperdícios”, afirma Célia.
A proposta de começar com ações de menor escala permite que os municípios se adaptem gradualmente à metodologia, reduzindo custos iniciais e ganhando eficiência no longo prazo. Além disso, parcerias entre os governos federal, estadual e municipal, bem como com instituições privadas, podem acelerar essa transição.
Iniciativas federais e o papel da Estratégia BIM-BR
O governo federal tem desempenhado um papel central na promoção da adoção do BIM, especialmente por meio da Estratégia BIM-BR. O plano de trabalho da iniciativa inclui três objetivos principais: capacitar profissionais, estabelecer parcerias estratégicas e preparar os órgãos públicos para receberem e utilizarem a tecnologia.
Esses esforços já começam a dar frutos em municípios maiores e em projetos de maior porte. No entanto, ainda é necessário ampliar o alcance para incluir municípios menores e médios, que frequentemente lidam com obras de menor escala, mas de grande importância para suas comunidades.
Transformação cultural e benefícios no longo prazo
Além da infraestrutura e das questões técnicas, a implementação do BIM requer uma transformação cultural. O modelo tradicional de projetos, que muitas vezes deixa informações dispersas ou inacessíveis, precisa dar lugar a uma abordagem mais integrada. Com o BIM, os dados de um projeto são catalogados desde sua concepção até sua operação e eventual reforma, permitindo uma gestão mais eficiente ao longo de todo o ciclo de vida da obra.
A metodologia também pode reduzir custos e melhorar a qualidade das obras públicas. “O BIM não é apenas um software ou uma ferramenta; é uma forma de pensar e trabalhar. Com informações bem organizadas, conseguimos planejar melhor, evitar desperdícios e entregar resultados mais eficazes”, ressalta Célia Leitão.
Uma jornada possível
Embora desafiadora, a implementação do BIM nos municípios brasileiros é viável com planejamento, capacitação e parcerias. A construção de uma base sólida de conhecimento técnico, combinada com investimentos em infraestrutura, pode pavimentar o caminho para que a metodologia se torne uma prática comum em todo o país.
“Pensar grande é importante, mas começar com passos pequenos e consistentes é o segredo para superar os desafios e alcançar resultados transformadores”, conclui a engenheira. A jornada para o BIM é longa, mas os benefícios justificam cada esforço.
Por Danilo Lemos
Célia Regina Alberti Leitão é Engenheira Civil, Mestre em Planejamento e Gestão Ambiental, Especialista em Tecnologias e Engenharia Ambiental e Gestão BIM, com MBA em Gestão de Projetos e Gestão Industrial. Presidente da CBIM – CÂMARA BRASILEIRA DE BIM, colaboradora Técnica ABNT/ CB-002 e CEE-134, FP BIM, GTBIM-CIDADES, GT3-BFB, GT BIM CREA/DF e bSBR (Building smart Brasil) e, bSPT (Building smart Portugal). Mentora WIB, Professora, Consultora e Palestrante- BIM e Cidades Inteligentes pelo Grupo Cittae Ltda.
Célia Leitão, faz parte do grupo de especialistas e palestrantes do evento 24ª edição do evento “Aqui tem tecnologia- ReAU BIM”, que ocorrerá no dia 06 de dezembro de 2024 no auditório do CREA-DF.
SERVIÇO
• Evento: ReAU BIM
• Incrições Gratuitas
• Data: 6 de dezembro de 2023
• Local: Auditório do CREA-DF
• Público-alvo: Profissionais de engenharia, arquitetura, design, gerentes de projetos e estudantes interessados em inovação tecnológica.
• Inscrições pelo link: https://www.sympla.com.br/event__2641335
• Credenciamento da imprensa pelo link: https://www.sympla.com.br/24-aquitemtecnologia-reau-bim__2641335?token=70565e2a2e8322dbd4248276a1e874f7
