A construção de cidades inteligentes no Brasil avança com o uso do BIM (Building Information Modelling), uma metodologia de trabalho que já vem revolucionando a gestão de obras públicas e a eficiência urbana. Como uma solução digital integrada, o BIM organiza dados de todo o ciclo de vida de uma obra – desde o planejamento até a manutenção –, trazendo transparência e eficiência para o setor público. Esse sistema vem sendo cada vez mais visto como fundamental para a construção de cidades mais sustentáveis, ágeis e inclusivas.
No Brasil, a adoção do BIM nas políticas públicas teve um marco importante em 2018, com a assinatura da Estratégia BIM BR pelo então presidente Michel Temer. Essa iniciativa surgiu como resposta às crescentes demandas por uma administração pública mais transparente e eficiente. O projeto foi impulsionado em 2020, com o Decreto 10.306, que tornou obrigatório o uso do BIM em todas as obras públicas federais, diretas ou indiretas. Desde então, a tecnologia é uma exigência na execução de projetos públicos e marca um novo padrão na infraestrutura nacional.
Além disso, a recente Lei 14.133/2021, a Nova Lei de Licitações, recomenda o uso do BIM nas licitações, o que facilita a padronização dos processos e melhora o controle de custos e prazos. Mais recentemente, a Lei 11.188/2023 incorporou o BIM ao PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), ao programa habitacional Minha Casa Minha Vida e ao Construa Brasil, ampliando o escopo do BIM para uma série de programas federais estratégicos. Essa legislação visa acelerar o uso da tecnologia, consolidando-a como um dos pilares do planejamento urbano e da infraestrutura nacional.
Os impactos positivos da adoção do BIM na gestão pública são amplos. Em cidades como Recife, Curitiba e São Paulo, que já utilizam plataformas digitais baseadas no BIM para aprovar projetos, é visível a redução da burocracia e o ganho de agilidade nos processos de aprovação de obras. Essa eficiência reflete-se na redução de construções irregulares e no aumento da transparência das ações públicas, já que a digitalização permite um acompanhamento mais preciso das etapas de cada projeto e um controle mais rígido sobre custos.
A integração do BIM nas cidades inteligentes também traz benefícios ambientais e econômicos. A tecnologia permite um planejamento detalhado de áreas verdes, sistemas de mobilidade e saneamento, além de promover a sustentabilidade ao longo do ciclo de vida das edificações. Ao centralizar informações, o BIM facilita a criação de modelos urbanos que valorizam o uso racional de recursos, diminuem o desperdício e atendem às necessidades da população de forma mais eficiente.
O evento de 13 de novembro no CREA-DF (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Distrito Federal) pretende aprofundar esses debates. Reunindo especialistas, engenheiros e representantes da gestão pública, o seminário terá como objetivo discutir as melhores práticas e desafios do BIM para aprimorar o planejamento urbano no Brasil. Este encontro é visto como um momento-chave para criar uma compreensão comum e estimular a colaboração entre os setores envolvidos na construção de cidades inteligentes.
Assim, a implantação do BIM e o desenvolvimento de cidades inteligentes no Brasil caminham lado a lado, guiados por uma legislação robusta e pelo compromisso de diversos setores em transformar a gestão pública. Com a consolidação do BIM, o país vislumbra um futuro onde a tecnologia não apenas moderniza a infraestrutura urbana, mas também promove qualidade de vida e inclusão para todos os cidadãos.